O susto

Duas semanas se passaram desde o meu último post *vergonha*, o que significa que agora eu estou com exatos três meses e meio de gestação.
Não foi descaso ou falta de inspiração, eu realmente queria escrever e pensei muito no que poderia abordar, mas o problema é que eu tenho essa mania de guardar o melhor pra depois, logo, os temas mais polêmicos, complexos e interessantes eu pretendo discursar mais pra frente. Por isso, e pela minha recusa em escrever sobre coisas muito genéricas ou fúteis sobre a maternilândia, eu fiquei nessa desatualização.

De toda forma, minha experiência nestas duas últimas semanas chegou perto de um estado de inércia. Não houve praticamente nenhuma novidade, foi mais o contrário, como uma leve regressão ao meu estado "normal". Tirando dois vômitos fora de casa pq sou dessas, as coisas na região do meu estômago estão bem melhores! Parei de levantar de madrugada pra comer, consigo dormir até mais tarde, já não está demorando tanto tempo para as sensações de embrulho passarem e o meu tesão por certos lanches que eu andava torcendo o nariz agora está voltando. \o/
Tem horas que eu acho que minha barriga está um pouquinho maior, mas por causa de outras horas, eu volto atrás na observação; Minha libido e meu emocional estão no equilíbrio qual estou acostumada, e até mesmo minhas aflições e pensamentos deram uma amenizada. Tirando o dia 23 quando comemorei meu aniversário e o/a monstrinho ganhou mais presentes e assunto do que eu, acho que este foi o período em que "eu menos me senti mãe".
Mas eis que a vida sempre dá aquele jeitinho de agitar o barco quando a gente começa a se acomodar...

Sexta-feira (30) antes de dormir eu fui ao banheiro como de costume e notei um pequeno sangramento. Sabendo que este tipo de ocorrência é mais comum no primeiro trimestre, e que mesmo assim, a chance de ser uma coisa boba é a mesma de ser algo grave, já dei aquela pirada básica. Porém, como eu não sentia nenhuma dor ou cólica (que geralmente acontece quando rola algo mais sério com o feto/útero/placenta/etc), a quantidade de sangue era bem pequena e não tinha aquele vermelho vivo, apenas contei pro Ian e fomos dormir na esperança de que não se tratava de algo importante e o ocorrido não se estenderia.

No dia seguinte, fiquei precocemente feliz ao notar que a madrugada não tinha deixado rastro de sangue na minha calcinha, mas ao fazer xixi, reparei que ficou aquele tom mais alaranjado no papel higiênico similar a quando me acontece no final da menstruação. Tomei banho, falei com o Ian de novo (que comentou com minha sogra e cunhada) e depois de resolvermos umas pendências, procuramos um hospital com emergência obstetrícia que aceitasse meu plano.
Preciso nem falar como isso foi difícil, né?! Fiquei imaginando como deve ser pra quem não pode pagar um plano de saúde (muito menos particular) ou depende de transporte público. Uó!

Fomos ao Hospital Santa Bárbara em Botafogo como a poia do plano indicou no telefone, mas só quando entrei na ala de emergência que fiquei sabendo que lá só tinha médico clínico. Ele, que pelo menos foi MUITO gentil e atencioso me passando na frente dos demais que aguardavam (gestante tem prioridade, palavras dele) e explicou algumas coisas que eu já tinha certa noção graças a internet, pediu pra recepcionista procurar outros lugares que poderiam me atender devidamente.

Ao longo do sábado, tive outro bem leve sangramento, mas felizmente eu continuava não sentindo qualquer dor ou incômodo - inclusive tinha acordado enjoada e vomitado logo cedo como num dia normal dessa minha nova vida.
Tirando minha cunhada Luane A quase platinada que se encarregou do papel de mais preocupada - o que é compreensível já que ela achou que tinha pegado ebola quando no máximo só estava com uma virose, lol -, o resto de nós continuávamos relativamente tranquilos. Aproveitamos que estávamos em Botafogo e fomos no cinema assistir "No olho do tornado" (que é legal, mas se eu pudesse voltar atrás pra assistir 'Lucy' eu o faria). De noite então, finalmente, conseguimos um hospital com emergência obstetrícia, mas como a ultrassonografia não estava mais disponível, no fim das contas não tivemos um laudo dignamente completo.
Mas enfim... lá fui eu deitar com as pernas arreganhadas pra cima.

Ao fazer o toque, a doutora, simpática e também atenciosa (alguma coisa eu tinha que ter sorte nesse dia, né), disse que o colo do útero estava fechadinho, o que é muito bom! e também voltou com a luva branquinha, o que é muito muito bom! Sendo assim, é claro que eu já estava mais aliviada quando a doutora começou a passar aquele aparelho pra ouvir os batimentos cardíacos do bebê, mas a respiração rapidinho ficou apertada quando eu via/sentia ela procurar procurar e não achava o bendito som.
Eu não sei com que cara que eu fiquei naqueles minutos, se meu coração batia forte ou devagar... Só me lembro de que toda a minha atenção, audição, visão e etc estavam focados naquele aparelhinho desgraçado roçando minha pele.
Sabe aquilo de "foi o período em que eu menos me senti mãe"? Então, esse período acabou aí, entre o exato instante que a gente não escutava nenhum som X quando ela finalmente, lá no cantão direito do meu baixo ventre, encontrou os batimentos cardíacos do/a monstrinho. Sorri, soltei o ar e um "é normal bater assim tão rápido, né?".
Eu já sabia que era.

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Quem quiser se informar sobre sangramentos durante e gravidez:
1. http://goo.gl/t1FXC7
2. http://goo.gl/oP7sse
3. http://goo.gl/ZG2qD0