sábado, 13 de setembro de 2014

Sexo do bebê - O porquê de eu simplesmente não me importar

Esse era um dos temas polêmicos que eu pretendia guardar pra mais tarde, mas tô com fome sem ter o que comer, estressada, dei aloca, então vou postar agora mesmo. E já vou começar dizendo o porquê, curta e objetiva, pra depois ir trabalhando o assunto. "Sexo do bebê - O porquê de eu simplesmente não me importar" (?) 
PORQUE NÃO IMPORTA.
É, simples assim. Eu não me importo porque não me importa. E porque não me importa? Porque o sexo não será meu. Ponto.
Não, ponto não. Vamos continuar...

Vai ser muito, muito, muuuuito dificil, mas sim, eu vou tentar não empurrar coisas que são consideradas e aceitas pela maioria como "para menino" e "para menina". Não vai existir essa divisão nas roupas, atividades e comportamento do meu monstrinho/a.  Pelo menos não da minha parte. Ainda não sei exatamente a posição do Ian nessa problemática, embora eu saiba que ele é uma pessoa bastante mente aberta, e do resto da família eu não espero que compartilhem da minha escolha, e respeito isso. Respeito que não concordem com a minha visão, mas também espero que respeitem a minha vontade de não obrigar o meu filho/a a usar e fazer só o que eu quero e que, logicamente, eles também não façam isso, pois, no final das contas, é sobre isso que se trata: a vida de outra pessoa. E existe um limite para até onde a gente tem que se meter.
Meu filho/a não virá ao mundo pra fazer as minhas vontades, pra amar quem o meu coração pede, ou pra vestir o que eu acho legal. E o que eu como mãe vou tentar fazer, por mais que o resto do mundo não faça, é dar esse pouquinho de liberdade pra ele/a. Deixá-lo experimentar, deixá-lo sozinho recusar uma saia, ou um sexo, ou futebol.

Eu enxergo o meu "papel de mãe" da seguinte forma: Dar educação, cultura, saúde, segurança e AMOR. E, pra mim, amor transcende gênero. Eu não resumo pessoas a suas genitálias. É com o caráter do outro que eu me preocupo, não com a sexualidade.
Aí você me pergunta: Então como vai ser? Você tá querendo dizer que você vai botar saia no seu filho, ou botar nome de garoto na sua filha?
Quer saber? Eu ainda não sei como vai ser, mas sei que não quero limitá-lo. Porém, até onde eu mesma não me limito? Sei que não quero empurrar essas "coisas características de gênero" da nossa normatividade vigente, mas mesmo sendo uma pessoa contra isso, eu mesma gosto de algumas dessas coisas.
Se vou dar roupas rosa se for menina? Vou, claro! Mas também vou dar azul, verde, amarelo, preto, branco. E se for menino? Vou dar também, e vou explicar que não existe isso de cor de garota e cor de garoto. O que existe são paradigmas e preceitos, e que eles mudam de época pra época, cultura pra cultura, e então ele/a "sozinho" vai me dizer qual cor não quer usar, de qual tipo de roupa gosta ou não gosta.
Se vou deixar brincar de boneca se for menino? É CLARO. E futebol e carrinho se for menina?
Também, óbvio! Porque não deixaria? Me dê um único motivo coerente e sensato. #esperando

Como eu disse, não vou privar nada, vou apenas incentivá-lo/a a conhecer todas as possibilidades e opções para que "ele/a escolha"quais preferem e vai aderir.
E porque eu escrevi "sozinho" e "ele/a escolha", com aspas? Porque eu sei que, literalmente, não existe isso. Suas escolhas são suas, sim, mas nunca estão livres de influências. A minha postura de deixá-lo ser o que quiser pode influencia-lo a ser assim e passar adiante quando se tornar pai/mãe, ao mesmo tempo que essa mesma postura pode surtir um efeito contrário, pois não viveremos num mundo só meu e dele/a. Logo que ele/a começar a entender as palavras e interagir com o meio social, ele não só vai conhecer pessoas com opiniões e valores diferentes que poderão lhe parecer mais atraentes, como também será questionado sobre sua própria até então forma de viver, e num país intolerante, preconceituoso e cheio de pontos de vistas tão divergentes, a liberdade que eu pretendo promover o /a tornará alvo de muitos ataques, o que poderá fazê-lo querer recuar e se "adequar" a normatividade.

Finalizando, eu não tenho certeza de muita coisa sobre como vou de fato criar esse projetinho de ser humano. Tenho muitas intenções e ideias que não consigo visualizar como serão e o que acontecerão quando colocá-las em prática. Pode dar muito certo e pode dar muito errado, e "felizmente", essa probabilidade é universal, independente do tipo de educação que os pais pretendem e dão para seus filhos. No final das contas, ele/a pode ser exatamente como imaginou e queria, como não pode. E aí se não for, o que você vai fazer? Expulsá-lo de casa? Oprimi-lo? Bater? Se sim, então o problema é você, e não seu filho/a. 
No mais, sobre o sexo do bebê, embora eu não me importe, estou sim ansiosa pra saber qual é, normal. Quando eu souber, vou comprar coisas de todas as cores, formas, ícones, etc. Como eu ainda não tenho como saber com qual gênero ele/a vai se identificar, vou pelo menos nisso seguir com um costume e dar um nome designado pra determinado sexo, e no futuro, se ele/a quiser, terá todo o direito (e meu apoio) de trocar. 
Quanto a personalidade e conduta, pra mim não existe isso de jeito de mulher ou de homem. Existe ser honesto ou não, ser inteligente ou não, ser romântico ou não, etc, e existe um equilíbrio entre as características.

Obs: Se você pensou em "poxa, mas se for gay, você não quer ser avó?"
1) De novo: meu filho/a não veio ao mundo pra fazer as minhas vontades. 2) Hello, adoção????!!!
(Alias, tô pensando em abordar esse tema no próximo post, hmmmmmmm...)

(+) Leia mais sobre Identidade de Gênero aqui: http://bit.ly/1tTzWUb
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E por falar nisso...

Vocês viram o que a loja de brinquedos Top-Toy decidiu fazer? Simples e genial! 


13 comentários:

  1. Se todo mundo tivesse esse pensamento de liberdade ao ensinar seus filhos, não haveria medo em ser quem é. E também ninguém iria questionar o que o outro faz com sua liberdade. Se um dia for mãe quero ser o mais justa possivel, mas no fundo sempre penso "mas na prática vai ser assim mesmo, ou vou ser só mais uma mãe clichê?". Lendo seu blog, com tantas opiniões em comum comigo, vejo que é possivel e, muito além disso, é o ideal! Embora isso seja relativo, você vai ser uma mãe exemplar!

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  2. Olha, não concordo com esse texto -ta ngm perguntou- mas acho importante quando existe opiniões divergentes. Eu por exemplo, irei impor ao meu filho, que se for homem, terá que se comportar COMO TAL. Para mim uma criança de 2 anos não sabe se é homossexual ou não. Ela aprende, pq como a mídia está hoje empurrando as coisas de "guela a baixo" eu não duvido NADA. Hahaha

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    1. 1) a questão não é só sobre se ele vai ser gay ou não, mas sim que um homem brincar de cozinha não quer dizer que ele não seja hetero, ou usar uma camiseta rosa, ou preferir a companhia de outras meninas, ou ser mais sensível. Entendeu? As pessoas fazem desde cedo essa separação (mulher brinca de boneca e homem brinca de carrinho). "Ahhhh, olha como meu filho é pegador e valentão, isso que é ser macho!" "Ahh não, minha filha tem que ser uma mocinha" blablabla. Não é por aí. Esse tipo de discurso é que não vai existir. Não se trata apenas de sexualidade, mas da personalidade, que é muito mais importante. Eu não quero um filho machista, ou criar uma filha sofrendo desde cedo com os costumes machistas. 2) "irei impor ao meu filho, que se for homem, terá que se comportar COMO TAL." E o que é ser 'homem como tal' pra você? Gostar de mulher? Porque se for isso, lésbicas então são homens. (?) rs
      3) "Ela aprende, pq como a mídia está hoje empurrando as coisas de "guela a baixo". Então se ela aprende a ser gay, seguindo novamente sua linha de raciocínio, como você tem certeza que ele não "aprende" a ser hétero? rsrs
      E mais: Gays existem há muitos milênios antes da mídia. A homossexualidade está presente no reino animal e lá não tem mídia. Isso não é propriamente um argumento. Até porque, se fosse por "influencia da mídia", se quer deveria existir gay então, uai! Quando que personagens homossexuais começaram a aparecer e ganharam destaque em novela? Nessa década, na passada? Quando que um beijo gay foi exibido? Esse ano?! E na contra mão, não há um apresentador de jornal gay, ou programas e propagandas destinados especificamente pra esse grupo, casais héteros sempre estiveram presentes nas novelas e programas e continuam protagonizando as histórias, etc. Então, se tem alguma coisa que sempre foi e continua sendo empurrada "guela a baixo" pelas emissoras é a heterossexualidade e isso nunca evitou que gays existissem.
      Falta um pouco de coerência aí, hehe. ;)

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  3. Eu suuuuuuper concordo com voce!
    Tem muita gente preconceituosa que adora ditar e seguir regras convencionais...
    Eu estou aqui para quebrar os tabus! HAHAHA.
    Gostei demais do seu ponto de vista! O que mais importa é o carater;

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  4. CLAP, CLAP, CLAP! Sensacional!
    Olha, eu não pretendo ter filhos, mas penso exatamente como você! Esse negócio de impor comportamento "de menina" e "de menino" é justamente o que perpetua o machismo e o preconceito, e o que faz com que muita gente ainda acredite que uma pessoa "aprende a ser gay". Cara, isso não existe, e é por isso mesmo que existem tantos pais de família pagando de machões, e por baixo dos panos se relacionando com outros homens. São justamente os que foram oprimidos, se obrigaram a "virarem" héteros, e acabam vivendo de aparências, enganando as pessoas e sendo infelizes. Se eu tivesse um filho, ia desejar a felicidade dele, do jeito que fosse.
    E também concordo com você em relação às brincadeiras. Por que um garoto não pode brincar de boneca? Ele não vai gostar de crianças, quando for adulto? Não vai ser pai, e se for, não vai poder segurar o próprio filho porque é "coisa de mulher"? E a garota, por que não pode brincar de carrinho? Ela não dirigirá seu próprio carro, quando crescer? Gente, é por isso que essa divisão entre brinquedo "de menina" e " de menino" não faz sentido.

    Beijinhos, ameeei esse post. Sonho com o dia em que toda futura mamãe veja as coisas como você vê. :*

    http://eproblematico-letyhyuuga.blogspot.com.br/

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  5. Amei o texto! Realmente, identidade de gênero é complicado. Por isso é até legal comprar coisas mais "neutras" pra criança daí, caso ela tenha uma identidade de gênero diferente da que nasceu, é até mais fácil mudar as coisas que pintar um quarto todo rosa de azul, por exemplo.
    Eu acho que ter até brinquedos mais "neutros", assexuados, como o que mostrou no final do post até faz com que a criança não sofra tanto por isso, já vi uns documentários sobre isso que a criança - e os pais - mostravam o quanto era sofrido pra ambos.
    Bom, não pretendo ter filhos por inúmeros motivos, mas se um dia eu tiver, vou tentar fazer assim. Sem só coisas cor-de-rosa e bonecas pras meninas e coisas azuis e carrinhos pros meninos. Eu mesma não brinquei só de boneca e isso não "afetou" a minha sexualidade, como umas pessoas com pensamento antiquado pensam. Acho que a gente tem que fazer primeiro o que a gente gosta, depois o que os outros pensam que é certo e isso vale pras crianças.
    Blog | Canal de humor | Canal de beleza | Canal de literatura | Canal de Harry Potter

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  6. Gostei muito do texto, sempre fui moleca, brincava com um monte de meninos da rua de casa, mas também amava as bonecas. Acho que toda criança merece essa liberdade de escolha.

    www.alinefranca.com

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  7. Sensacional o seu texto. Eu pretendo ter filhos um dia e penso exatamente como você e por sorte, os meus pais também pensavam da mesma forma.
    Toda mãe gosta de arrumar a filha (caso seja menina) de princesa? É óbvio que gosta! E não acho errado que o faça, o que eu acho errado é impor isso a criança.
    Desde que comecei a fazer as minhas próprias escolhas (minhas roupas, meus brinquedos -escolhas dificeis, hein? haha) resolvi que queria usar bermudas, preferia chuteiras a sandalinhas, e gostava muito mais de ganhar uma bola ou um carrinho do que bonecas, mas mesmo assim, amava brincar de casinha. E nem por isso "virei um homem" (entre aspas porque não acredito que esse tipo de coisa exista) ou comecei a gostar de mulher. Isso também não afetou o meu caráter, a minha honestidade, as coisas que realmente deveriam importar.
    E acho que o importante é a felicidade da pessoa, independente do que!

    Beijos.
    www.blogmeuniverso.wordpress.com

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  8. Está certíssima gata! Sexismo na maternidade já foi muito discutido pela sociedade, de rosa ser cor de menina e azul de menino... Acho super importante essa liberdade que temos que dar à eles na hora de escolherem seus brinquedos, roupas. No começo somos nós quem damos esse primeiro passo, mas eu nunca achei atraente essas roupinhas convencionais de bebês e comprei tudo neutro, cinza, preto, branco... Isso somos nós quem decidimos né, até a idade em que eles já vão começar a se impor mais sobre eles mesmos.
    Minha filha já tem dois anos mas ainda não liga para cor ou que roupa está usando, já eu procuro vesti-la como uma criança normal, sendo que já acharam que ela era um menino só porque ela estava usando uma camiseta preta e de tênis... pra você ver como que é, parece uma regra que as meninas tem que ser de um jeito e os meninos de outro.
    E ela adora brincar com todos os tipos de brinquedos, mas nem tanto de boneca. Prefere mais coisas que envolvam criatividade, desafios e isso acho muito legal. E crescer no meio de uma família sem preconceitos é o ideal. Aliás, nunca vi brinquedo influenciar na sexualidade de ninguém, se for assim eu poderia ser lésbica e me vestir de menino pois eu adorava os brinquedos do meu irmão, usava bonés e camisetas largas quando pequena mas hoje em dia sou toda mulherzinha e acho que isso não tem nada haver. Acho bem ridículo quem se comporta dessa forma, cheio de preconceitos... Já vi muitas crianças sendo rejeitadas e maltratadas pelos pais simplesmente por gostarem de algo diferente do que é chamado de ''comum'' e não se prenderem nesse rótulo ridiculo de mundinho azul e rosa.

    Parabéns pelo texto, adorei! Bjo

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  9. Bom eu tenho meu filho(experiência mais linda do mundo), e sou muito liberal com ele. Por isso você está certíssima. Felizmente tudo está mudando para melhor nessa parte, claro que tem muito ainda a se fazer, muito preconceito para se entender e corrigir, porém, as coisas estão bem melhores hoje do que quando minha mãe me teve.
    Meu filho pode brincar com tudo, não vou privá-lo...já os avós não gostam e ficam com esse medo de ele virar "gay". Eu me fiz essa pergunta muitas vezes, " E SE?". Se acontecer, aconteceu, não vou deixar de amá-lo e de falar que ele foi o acidente mais lindo da minha vida.
    Amei seu post e suas ideias, mas graças a Deus as coisas estão bem melhores...você tinha que ver antes como era...rsrsrs

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  10. Oi Ingrid tudo bem? Primeiramente obrigada pela visita no meu Blog, fiquei muito feliz pois sou fã do seu trabalho desde o orkut rs..
    Sobre a postagem queria dizer que penso exatamente como você, acho muito importante que não enchamos a cabeça dos nossos filhos de idéias tão ultrapassadas e machistas :D tenho certeza que seu bebê vai crescer muito mais independente e feliz desta forma ;3
    Até a próxima visita, vou ficar acompanhando aqui, bjs

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  11. Quando montei o enxoval do meu filho não escolhi uma cor predominante, comprei cores variadas, hoje ele usa rosa, salmon, verde, vermelho. Não acho que o fato de usar uma cor, ou brincar com certo tipo de brinquedo determine nada, minha sobrinha ama brincar com ele de carrinhos. Não vejo problemas nisso.
    Bjo

    www.blogdajeu.com.br

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  12. clap, clap, clap...
    e assim progride a humanidade =D

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