quarta-feira, 8 de abril de 2015

Nada termina na maternidade, só começa.

No episódio anterior vocês acompanharam um pouco do meu drama com a perda do meu esperado parto normal e o processo escroto da cesárea. Mesmo fazendo um relato resumido, deu bastante caldo e terminei o post devendo comentar sobre o pós operatório. Pois bem...

A primeira noite no hospital foi a pior. Não sentir dor e ficar em total repouso tem o lado negativo de me tornar incapacitada de fazer praticamente qualquer coisa, logo, fui inútil.
Quem precisou segurar a barra foi o Ian, que não fazia ideia do que estava fazendo ou do que podia mais fazer. Basicamente passou a madrugada toda acordado dando colo e tentando acalmá-la, mas a tarefa parecia impossível. Eva passou suas primeiras horas de vida chorando incansável e histericamente, e eu tive que assistir isso imóvel, com o coração apertado e desesperada por não poder fazer nada incluindo não amamentar (o que explica o porquê de tanto choro).
Sim.... Como se não bastasse não conseguir segurar ou abraçar, eu também não consegui alimentar minha filha nas suas primeiras horas. Tive que aceitar e assistir ela ingerir leite artificial que davam num copinho de três em três horas, e que certamente, não a satisfazia.
Apenas pela manhã uma enfermeira nos instruiu como posicioná-la pra mamar enquanto eu estivesse naquela situação (totalmente deitada), mas ela explicou e fez tudo tão rápido que não foi de muita ajuda.

O segundo dia dela foi um pouco mais tranquilo em comparação com a primeira, mas também teve muito choro, e quem teve o sono abalado dessa vez foi a minha sogra, que substituiu o Ian como acompanhante para que ele finalmente pudesse dormir. Quanto a mim, foi logo no dia seguinte a cirurgia que me fizeram levantar e tomar banho, e esse foi o momento de maior dor física da experiência toda. Eu não sei como descrever a sensação na região onde a operação foi feita, apenas que foi muito estranha, horrível! Logo ao sentar eu me senti mal, e quando finalmente consegui ficar de pé, minha pressão despencou, minhas pernas bambearam freneticamente, meu corpo pesou, faltou ar e eu tive uma espécie de blackout (minha visão granulou até escurecer e fiquei surda por alguns segundos). Foi como desmaiar sem cair, e talvez isso tivesse acontecido se a enfermeira não me apoiasse. Aquela reação se repetiu toda vez que eu me levantei enquanto permaneci no hospital e continuou, porém um pouco mais leve, no primeiro dia após a alta.

Meu jejum acabou 12 horas após a cirurgia, e embora a comida não fosse lá as das mais animadoras, não tenho o que reclamar do serviço. Além das refeições e lanches, eu também reconheço o atendimento das enfermeiras, em geral, sempre simpáticas e prestativas - O destaque foi um senhor muito alegre e gentil, que embora fosse chamado de maqueiro mas era meio que um faz tudo, com o bordão "Só vitória!" (rs).
Saída de maternidade - "Isso é um bebê ou uma boneca?"
Embora o protocolo seja dois dias (estando tudo bem com a mãe e o recém nascido), eu não fiquei nem 48 horas no hospital já que saí de lá no inicio da tarde.
Ao contrário das enfermeiras, o obstetra que realizou minha cirurgia não foi igualmente atencioso. Eu não recebi uma única visita dele depois da operação, nem mesmo na hora de dar a alta - ao contrário da Eva que foi avaliada por uma pediatra antes de ser liberada. Nem mesmo restrições de alimentação foram passadas pra mim! Ou seja, que merda se eu não estivesse realmente bem ou não fosse tão auto didata, né!?
Enfim.. Deixamos o hospital Daniel Lipp na sexta 13/03.

A partir daí, a recuperação foi bem mais fácil. Embora a minha independência tenha vindo a longo prazo, o conforto e a privacidade de casa ajudaram bastante. E claro, a cinta também foi crucial! Tudo era muito mais fácil de se fazer usando-a, pois o que mais me incomodou no pós operatório *fisicamente falando* foi o que eu chamo de "pochete", a barriga mole que fica de lembrança do parto. Com a pochete, vem aquela sensação de que tudo lá dentro tá solto, além de causar dor nas costas porque eu não conseguia andar ereta - e ser feio. Então a cinta é a criação divina que ajuda a minimizar esse desconforto enquanto o útero vai diminuindo e a barriga volta lentamente ao seu lugar.
Ah! Eu já ia esquecer o item Fazer xixi da lista "porque pós operatório de cesárea é cu". Não sei bem o motivo ainda, mas rola um desconforto forte na hora de esvaziar a bexiga, e assim como a pochete e o sangramento (sim, a mulher sangra por alguns vários dias depois do parto, tanto normal quanto cesárea), essa dor diminui mais lentamente que o resto.
Bom. A medida que a pressão na região do corte e o medo de abrir os pontos diminuiu e minha mobilidade aumentou, experimentei outras e melhores posições pra amamentar. Demorou um pouco pra ajustar e aperfeiçoar a pegada, logo, meus mamilos ficaram machucados e doloridos nos primeiros dias; Eu fechava os olhos e socava a almofada quando ela abocanhava o peito de tanto que doía no ápice do problema! Felizmente, com estratégia e perseverança, consegui superar isso sem parar de amamentá-la.

Foto tirada há 4 dias atrás, 23 dias após a cirurgia.
Atualmente eu não preciso usar a cinta, embora use eventualmente. Minha linha nigra (aquela listra em vertical que passa pelo umbigo) permaneci aqui escurinha, e eu ainda sinto uma sensibilidade na pele acima da cicatriz, como se a região estivesse dormente ou algo do tipo.
Vez ou outra desce umas gotinhas de sangue bem clarinho e ainda sinto uma leve pressãozinha na hora de fazer xixi.
Retirei os pontos uns quinze dias depois da cirurgia, se não me engano, e meu maior problema agora é esperar pra tomar medidas que me ajudarão a gostar mais do meu reflexo no espelho (pintar o cabelo, fazer tatuagem e academia, por exemplo), ter leite o suficiente (porque essa garota mama demais!) e encontrar mais tempo para dormir. Sei que neste momento - daqui pra frente, melhor dizendo -, a prioridade é a Eva e que eu fico em segundo plano, mas cuidar de mim também é essencial.

Dito e vivido tudo isso e mais um pouco, eu me pergunto duas coisas: 1) Como alguém consegue passar por um pós operatório sem ajuda? Nem todas as mulheres tem/tiveram/vão ter a sorte de receber toda a ajuda que eu recebi e eu não consigo nem imaginar como alguém se recupera dessa cirurgia sozinha tendo que conciliar com os cuidados com o bebê, de si própria e demais tarefas domiciliares, etc. E 2) Não existe comodismo na cesariana. Beleza que a mulher não tem trabalho pra parir, mas o pós operatório vai recompensar tudo depois, haha.

Tal mal, tal filha; Bocas abertas de cansaço. Quando a manhã vira noite e eu aproveito o sono da Eva pra dormir.
Ps: Eva faz um mês neste sábado, portanto, as coisas ainda estão agitadas. Não tenho muito tempo livre (quando tenho, obviamente aproveito pra descansar) e por isso não estou conseguindo escrever como gostaria, de forma detalhada e devidamente informativa. Sendo assim, este e o anterior foram mais resumidos, MAS depois eu destrincho algumas coisas (ex: amamentação) pra dissertar exclusivamente sobre elas, beleza? Me perdoem.



6 comentários:

  1. Pois é, Ingrid. É a primeira vez que entro no seu blog, mas pelos posts que já li, tivemos a mesma opinião e dificuldade na hora de viver o pós-cesárea.
    A minha não foi eletiva, foi necessidade - meu bebê virou na última hora - e não foi o "sistema", visto que eu fui atendida por hospital público. Mas o sofrimento foi o mesmo, e ainda me faço essa mesma pergunta "como tem mulheres que conseguem passar por isso sozinhas, tendo que cozinhar, dar banho, trocar...?" Eu não sei se era molenga, mas se não fosse minha mãe e marido na época, não daria conta.
    Sempre levei o parto normal como melhor opção, porque a dor é momentânea e depois de tudo que passei continuo achando.
    Fiquei uns 15 dias sentindo dor intensa - e meu blog também sentiu isso, porque ficar sentada na frente do PC era horrível kk.
    Mas enfim, se isso te motiva: logo vai passar! E você vai sentir saudades, acredite. É clichê, mas é verdade. Você vai se preocupar com outras coisas e isso vai se tornar apenas lembranças, então cuide agora para que sejam boas no futuro.
    Parabéns pela boneca, ela é linda!

    http://tudoaosdezoito.com

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  2. Ainda não sou mãe, mas como estou casada a algum tempo (2 anos e meio) já estou encaminhando meu psicológico né? E puxa, cada história macabra q eu vejo sobre partos! Eu fui lendo seu post fui respirando até fundo! Que Deus me ajude e me presenteie com um parto normal e de preferencia tranquilo kkk Gostei mto de vc e das suas postagens, ganhou uma seguidora! Boa sorte com sua filhinha Eva!

    Um abraço do blog www.ultraconvites.com.br SUCESSO!!

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  3. Passei exatamente por tudo isso duas vezes. A segunda está acontecendo ainda! Só nós sabemos como é realmente o pós operatório de uma cesariana. Mas logo logo tudo volta pro lugar, as bebês crescem e logo criam uma certa independência.

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  4. A minha bebê fará um mês na proxima terça e eu já estou cheia de saudade dessa fase e das próximas que ainda estão por vir pq tudo passa muito rápido!

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  5. A minha bebê fará um mês na proxima terça e eu já estou cheia de saudade dessa fase e das próximas que ainda estão por vir pq tudo passa muito rápido!

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  6. Olá Ingrid
    Ainda lamento muito pelo seu roubo de parto. Não sabia que o pós da cesária era tão puxado assim. Meu Deus! A Eva é linda, parabéns. Espero que logo você consiga mais tempo para você e para o blog. A minha saída foi baixar o app do blogspot, onde eu escrevo as postagens, ai só uso o noot para editar as imagens e publicar.
    Um grande beijo

    http://vidasempretoebranco.blogspot.com

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