sábado, 16 de agosto de 2014

Até onde ser uma boa mãe faz bem?

Sabe, como eu comentei no post de introdução, um dos motivos para a existência desse blog é o fluxo constante de pensamentos na minha cabeça em relação ao futuro que meu filho(a) pode ter. Sei que está muito longe e que muita coisa (assim espero) vai mudar até lá, especialmente em relação as coisas que mais me perturbam, mas mesmo assim, é inevitável; Eu penso, e penso o tempo todo.

Eis que ontem, depois de uma dessas crises de pânico,  comecei a conversar com o Ian (futuro papai) sobre como eu estava preocupada, pensando se todos os meus/nossos esforços para proteger e educar essa criança seriam eficientes para ela conseguir viver bem nesse mundo tão intolerante e corrompido, sabendo lidar com o que aparecer no seu caminho, etc.
Bom, certamente não temos uma resposta pra isso. Simplesmente não dá pra saber, assim como não tem como fugirmos da realidade que somos inseridos. Infelizmente teremos que conviver com o fato de que nosso filho(a) viverá neste único mundo que conhecemos, e o máximo que podemos e vamos fazer é estar sempre por perto, acompanhando seu crescimento, abertos para aconselhá-lo, dar amor e tentar formar uma pessoa de bom coração.
Levantamos também a questão de que podemos "aproveitar" alguns maus exemplos que conhecemos, incluindo em nossas famílias, de como não ser pais. No meu caso, minha própria mãe.

A história resumida é: não tenho um bom relacionamento com ela. Na verdade, é péssimo.
Quando criança, era um pouco mais fácil. Não só porque eu ainda não enxergava o mundo e as coisas como hoje, claro, mas também porque sendo mais nova, a própria postura dela era diferente, então as coisas que passaram a me incomodar quando mais velha, ainda não eram percebidas naquela época.
Minha mãe - com quem eu parei de me comunicar em janeiro - é uma pessoa difícil, e estou sendo gentil ao colocar dessa forma. Meus pais são separados desde minha primeira memória, e eu fui criada pelo meu pai quase toda a minha vida (e toda a que eu consigo lembrar).
Se eu fosse contar toda a história da minha infância-adolescência, explicar a personalidade e comportamentos dos meus pais e minha convivência com ambos individualmente, eu poderia escrever uma sequência de livros. Não dá pra fazer isso aqui. Mas, para podermos chegar aonde eu quero, é importante entender que eu não tenho na minha própria entidade familiar o que eu considero exemplos ideais de pais (meu pai é sim um bom homem com qualidades que superam defeitos, mas ainda lhe faltam atributos que eu, em minha visão idealista, considero fundamentais para criar/educar uma criança). E foi aí que eu comecei a refletir e acabei desconstruindo toda a questão...

Gosto da pessoa que eu sou, e por favor não pensem que não sou uma pessoa humilde por causa desse paragrafo. Modéstia a parte, os "defeitos" que eu consigo apontar na minha personalidade, na verdade, são coisas que eu considero virtudes, mas que acabam sendo traiçoeiras no meio coletivo.
Estou longe de ser um ser humano perfeito - se é que isso existe -, mas tento ser o melhor que acho possível ser, pra mim e para o próximo, sempre numa eterna busca por evolução pessoal/profissional/espiritual. Sendo assim, se gosto do que eu me tornei, devo isso aos meus pais. Tudo o que eles fizeram ou não fizeram, tiveram um impacto ou influenciaram diretamente ou não na minha personalidade e na minha vida. É claro que o mundo externo tem um peso aqui, mas no final das contas, quem me preparou (ou deixou de preparar) para ele foram meus pais, minha família... É como se tudo fosse, de alguma forma, uma reação da ação ou omissão deles, mesmo que ao contrário aos conselhos ou exemplos (exemplo: se eu vejo minha mãe agir de uma forma e eu percebo que isso gerou coisas ruins, como aconteceu bastante, eu vou ver ali um aviso para não fazer o mesmo. E acredite, assim funciona muito melhor do que um deles só dizer "não faça isso!" rs).
Enfim...
Tudo isso me leva então a pergunta título desse post: "Até onde ser uma boa mãe faz bem?"

É claro que EU não acredito que ser um pai/mãe apático, ignorante, agressivo e etc seja bom para uma criança nem pra ninguém. Mas será que uma imagem negativa não pode funcionar também para gerar um efeito contrário? É claro que os pais influenciam na visão de mundo do filho, assim como em suas opiniões, crenças, e etc, e que tudo isso desenha seu comportamento. Todavia, influenciar não quer dizer que a criança vai ser um espelho! A reação nem sempre é idêntica a ação.
Do outro lado, também há a dúvida sobre o quanto ser carinhoso, presente, intelectual e etc pode ser efetivamente positivo para a criança. É observável que crianças muito mimadas, ou com pais muito protetores e afins se desenvolvem com mais dificuldade quando precisam lidar com certas situações sozinhas. Sem lembrar que, obviamente, nem todas as pessoas de má índole são frutos de famílias ruins, ou que nem todas as crianças inteligentes são filhas de pais igualmente inteligentes.

É... Complicado e complexo. É tudo tão relativo que não dá pra dizer com certeza o que é ou não ideal - pra evitar dizer "certo" e/ou "errado". Mas é bom ter toda essa noção de possibilidades em mente, pois assim ficamos preparados caso seja necessário nos adaptar conforme o filho(a) vai crescendo e as situações se desenrolam.

4 comentários:

  1. <3 Filha, você é o meu tesouro. A cada dia que passa, você demonstra que é a filha que eu sempre sonhei, obediente, carinhosa, compreensiva, linda, educada, batalhadora, inteligente, humilde, prestativa, conselheira, sincera, e etc.
    Enfim, você tem um perfil, que todas as mães sonham para as suas filhas, e eu só tenho que agradecer a Deus por tudo isso. Obrigada filha, por todos os momentos que me proporcionou, obrigada por ser quem você é, e obrigada por me ensinar muita coisa, pois além de minha filha, você faz muito papel de minha mãe. eu te amo muito. <3

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  2. Que texto massa. Também não acredito que ser um pai agressivo seja bom, mas minha mãe viu bastante isso com o meu avô, ele agredia todos os filhos por nada, só pelo simples prazer. E minha mãe(nem meus tios) nunca foram agressivos com os filhos porque eles sentiram na pele como era.
    Como a menina do comentário acima ressaltou: você será uma ótima mãe, nisso eu acredito.
    Beijos, http://nostalgemeas.blogspot.com.br/

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  3. Não sei nem por onde começar depois desse texto. Sim, eu li tudo! (sei que muitos não o fazem)
    Com certeza os filhos jamais serão espelhos dos pais, embora muitos não aceitam quando seus filhos crescem e vão tendo opiniões diferentes. Porém, principalmente na infância os pais são os exemplos mais próximos que as crianças possuem e isso vai influenciar na sua personalidade obviamente.
    Na minha opinião, pais protetores demais acabam não deixando a criança ter sua própria personalidade. Acho que a melhor saída é muito diálogo, ensiná-lo a respeitar as diferenças, mas sem obrigá-los a serem seu clone.
    Primeira vez que eu visito seu blog, quero te desejar muito sucesso e que seu filho tenha muita saúde! Beijos ♥

    http://quinzemeianoite.blogspot.com.br/

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  4. Logo no começo do seu texto eu pensei que sei do que vc está falando pq eu tbm considero minha mãe uma boa mãe, mas meu relacionamento com ela poderia ser melhor e tbm a considero mais exemplo do que não fazer e tbm acho q isso me marcou muito mais do que as boas coisas. Gostaria muito de te dizer que eu adorei ter esbarrado contigo e quero te parabenizar não somente porque se tornará mãe em breve, mas por não ter corrido "se livrar" disso, por exemplo. É preciso muito amor e coragem para se ter um filho, por todas as características do mundo q vc citou no texto e por tudo isso. Eu tbm penso de vez em quando que eu provavelmente nunca vou saber como criar uma criança e formar um bom ser humano. Costumo dizer que minha mãe só não teve uma filha realmente problemática porque ela passou a me levar pra igreja aos 4 anos e acho q eles lá me ensinaram muito mais sobre como ser um bom ser humano do que ela, mas sei q ela sempre fez o q julgava ser bom.
    Vai ser difícil saber o que fazer e fico feliz q vc tem o apoio do pai, as pessoas não acreditam mais nisso, mas um lar formado e estruturado faz mto bem às pessoas, sem falar que nos faz voltar a acreditar no amor ^^
    Simplesmente, achei q vc traduziu todos os medos que as pessoas que querem ser bons pais têm. Tbm acredito que não haja fórmula mágica, mas tenho a sensação de que vc vai se sair bem!

    http://thisiskeyko.com

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