quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Meu plano de parto e os porquês - Parte 3

*Essa é a última parte deste post especial. No final do post você encontra o redirecionamento para as partes anteriores.
Não deixe de abrir os links e complementar a leitura*



Ops. Passei longe da data de previsão pra esse post, desculpem-me. Então vamos direto ao assunto.

Cuidados com o bebê:
- Amamentação sob livre demanda, não oferecer agua glicosada, leite materno de banco de leite, formulas ou bicos;
- Alojamento conjunto o tempo todo, sem separação para observação. Caso seja necessária a separação, o pai deverá acompanhá-la o tempo todo.
- Avaliação na presença de um dos pais;
- Não dar banho ou vestir sem me consultar;
- Não passar sonda sem necessidade;
- Não quero que meu bebê seja aspirado. Caso realmente necessário, que seja feito na minha frente;
- Não aplicar Vitamina K, Nitrato de prata ou vacinas sem me consultar;
- Caso seja necessário algum procedimento de urgência, me avisar dos detalhes e porque está sendo feito.

Na parte anterior, eu já comentei sobre a importância da amamentação na primeira hora de vida do bebê e de como isso tem sido uma medida cada vez mais exigida pelos órgãos de saúde. Porém, não basta só a primeira mamada, tem que ser em livre demanda!

"Nas primeiras duas horas de vida existe um estado de alerta, em que o bebé fica desperto, calmo, de olhos abertos, atento aos sons e movimentos sendo o período em que o instinto de mamar é mais forte. Se, pelo contrário, o bebé não for colocado ao peito logo após o nascimento acaba por adormecer, dificultando o estabelecimento com sucesso do aleitamento materno (...) A amamentação sem restrições do número e da quantidade de mamadas deve ser um objectivo desde o início. O bebê deve mamar sempre que quiser, as vezes que quiser, o que contribui para uma melhor produção e descida do leite (...) No primeiro dia a quantidade de colostro que o bebé mama é muito pequena mas tem tudo o que bebé precisa. A amamentação não deve ter restrições, de dia e de noite, já que é um fator importante no estabelecimento do aleitamento materno com sucesso." [x]

A água glicosada e os complementos são procedimentos automáticos nas maternidades. Se não há uma prescrição especifica (ex: casos de hipoglicemia; bebês que estão em tratamento de fototerapia; ou quando a mãe não teve colostro) eles são desnecessários, uma vez que o leite materno supre todas as necessidades e tem mais benefícios para o recém-nascido.

"As mulheres que optam por usar o bico de silicone, devem saber que o uso desses bicos intermediários, feitos de silicone ou outro material (não importa se rígido ou flexível), também pode causar a confusão de bicos, pega incorreta, diminuição na produção de Leite Materno, dificuldades de cicatrização do tecido mamário, entre outras dificuldades na amamentação." [x]
É comum que na primeira dificuldade com o aleitamento, ou no desespero para acalmar a criança, sugiram o uso de bicos, mamadeiras e chupetas, mas estas são facilidades que resolvem um problema criando outros. Em vez de aceitar esses acessórios sem pensar duas vezes, entre em grupos de amamentação e peça ajuda.

"Em nenhum momento é explicado que o bebê que mamar com o bico de silicone será privado do contato pele a pele com mãe, que a pega será errada, que ele irá abocanhar apenas o mamilo e que quando esta mãe tentar retirar o bico, a criança irá chorar, desesperada para mamar naquilo que lhe é confiável e que foi ofertado desde o primeiro contato.
Existem casos em que o bico de silicone pode ser útil, como em casos de mamilo invertido, mas ele deve ser utilizado por tempo determinado" [x]


Desde que eu engravidei eu comecei a questionar as mães que eu conheço se elas ficaram com os bebês após o nascimento ou se eles foram separados e o pobrezinho ficou em observação, isso porque eu tinha aquela imagem clássica de filmes e novelas do berçário e tal na cabeça. Isso nunca fez muito sentido pra mim, e realmente não faz. Novamente: a não ser que exista uma real necessidade, que algo tenha acontecido com a criança para que ela precise ficar em observação, não há nada que impeça que ela fique com a mãe caso esta queira; O bebê pode ser monitorado no colo, e a nota de Apgar pode ser dada sem que ele seja retirado. A correção do corte do cordão (quando necessário), o exame físico completo, identificação e pesagem podem ser feitos depois da primeira mamada tranquilamente, e o recém nascido pode então voltar para a mãe.

"Não é necessário aspirar bebês saudáveis, nem colocar sondas na boca, nariz, ânus e vagina. A maior parte das mal-formações genitais podem ser observadas a olho nu. As atresias de esôfago são tão raras que não se justifica colocar sonda nos esôfagos de todos os bebês, pelo próprio risco do procedimento. Em suma, bebês não precisam de sondas." [x]

Eu faço isso o tempo todo ao longo do texto, desta e das demais partes, mas é importante frisar: todos os procedimentos médicos devem ser questionados. Não fique na ideia de "ah, mas quem vai saber mais que o obstetra/pediatra?! se ele tá fazendo isso, é porque tem algum motivo". Até tem mesmo, mas quem disse que tudo é feito pensando de fato no que é melhor pra você e seu bebê?!
Como vemos, a grande maioria das práticas são puro protocolo, sem avaliação individual. Então queridas, se não existe motivo para que certa coisa seja feita, não deixe ser feita. A gente tem essa mania de pensar que "ah, se não faz mal, que problema tem?" Tem e muito. Afinal, você gosta de sentir dor, de ficar sozinha? Acho que não. Então o que te faz pensar que o seu bebê, em seus primeiros minutos fora do útero, tão frágil e dependente, vai gostar ou suportar bem? A maioria das intervenções seriam dolorosas para nós adultos, imagina então para um recém nascido! Se você pode evitar que ele passe por isso, evite. Tenho certeza que você faria isso por você.
O que nos leva a um dos procedimentos mais escrotos e reproduzidos sem distinção: o colírio de nitrato de prata.

"O colírio serve para tratar de uma possível infecção causada pela transmissão de uma bactéria que causa a conjuntivite gonocócica, que pode, caso não seja diagnosticada ou tratada, levar à cegueira. Ok, concordamos que é um risco real para uma mãe que seja portadora da doença, comumente conhecida como gonorreia, e que, nesses casos, a medicação deve sim ser administrada. Mas algumas questões a serem consideradas: Se durante o pré-natal a mulher faz exames e descarta a existência de contaminação por essa bactéria, por que o remédio deve ser aplicado? Por que os bebês nascidos por via cirúrgica, ou seja, cesariana, também recebem rotineiramente essa aplicação, se não entram em contato com o canal vaginal e por consequência não seriam infectados?
Essas duas perguntas já derrubam toda a credibilidade do procedimento, estipulado segundo protocolos totalmente arbitrários e em desconformidade com a medicina baseada em evidências.
O credé é extremamente incômodo, arde. Causa, na maior parte das vezes, uma reação conhecida como conjuntivite química, gerando dor e estresse" [x]


A vitamina K (injeção) é um caso mais particular, e cada mãe pode se instruir com sua médica durante o pré natal para saber se há uma real indicação para a aplicação no bebê, uma vez que esta "é uma situação clínica delicada e infelizmente cada vez mais comum, devido à extensa medicalização da vida adulta e da gestação. Sabe-se que mulheres que fizeram uso de anticoagulantes, anticonvulsionantes e tubercoloestáticos durante a gestação têm bebês mais suscetíveis à doença. Não há, entretanto, um grupo de risco definido que padronize a aplicação da vitamina, então o protocolo é a aplicação em todos os bebês." ¹
Até então, como eu não me incluo nesses grupos acima, somando a outros fatores (como a amamentação em livre demanda e na primeira hora + o não corte imediato do cordão), não vejo motivo para submeter minha filha a tal injeção; Além do mais, existe a alternativa da aplicação via oral, bem menos desagradável, né!

Junto do nitrato de prata, acho que só a aspiração deve ser tão (ou mais) horrível para um bebê ser submetido logo ao nascer.

"O procedimento de aspiração rotineira para remover secreções das vias orais e nasais do RN tem uma utilidade um tanto duvidosa. Segundo os pediatras que o fazem os possíveis benefícios são a melhora da troca gasosa e redução da possibilidade de aspirar secreções. O que eles não contam é que os potenciais riscos da pratica incluem arritmias cardíacas, laringoespasmo (oclusão da glote devido a contraçäo dos músculos da laringe), e vasoespasmo da artéria pulmonar. A grande maioria dos bebês nascem bem e não precisam ser aspirados. Eles são perfeitamente capazes de limpar suas próprias vias áereas (tossindo, espirrando). Além disso, os bebês que nascem por parto vaginal, ao passar pelo canal de parto, os pulmões do bebê são massageados, provocando a expulsão natural dos líquidos. A aspiração, tanto a orotraqueal (pela boca) quanto a nasotraqueal (pelo nariz) causam muito desconforto para o bebê, basta que você imagine um cateter (sonda) sendo enfiado no seu nariz e indo até a sua traqueia, "aspirando" tudo que tiver lá e depois sendo puxado para fora novamente. Agora, imagine passar por esse procedimento no seu primeiro minuto de vida, após sair de um ambiente quentinho, escuro, protegido. Sem dúvida não é uma boa maneira de se chegar ao mundo né?" [x]

Fechando essa sessão, vem uma questão menos traumatizante, mas que também vale abrir parênteses: o banho.
Acredito que o reflexo da maioria é não ser contra esse procedimento, pois na nossa cultura, o banho é sinônimo de higiene, e portanto benéfico, ainda mais considerando que o bebê nasce todo melecadinho e "sujinho", etc. Né?! Engano seu e o motivo é simples: vérnix.

"Ele tem como função fazer uma barreira na pele e evitar a perda de água, atuando como grande agente de hidratação. A barreira mecânica feita por esse creme ultra-hidratante é importante para as primeiras necessidades da pele do bebê, como por exemplo, a manutenção da sua temperatura e proteção contra infecções bacterianas. Ele ajuda também na formação do manto ácido, responsável por evitar o o crescimento de bactérias patogênicas. Ao nascimento, o pH da superfície da pele é praticamente neutro (6.5), e se torna mais ácido com o tempo para aumentar a capacidade de defesa da pele.
A Organização Mundial de Saúde em suas diretrizes para os cuidados com o bebê indica que o primeiro banho não deve ser dado antes das primeiras seis horas de vida. Muitos hospitais com práticas humanistas na Europa deixam e orientam que os pais deem o primeiro banho apenas no dia seguinte ao nascimento e muitos neonatologistas declaram que quanto mais tarde, melhor, assegurando que não há nenhum mal ou risco nisso e que os resíduos de parto não são sujeira, portanto estão longe de provocar qualquer contaminação. Novas pesquisas indicam que o vérnix possui propriedades imunológicas; deixá-lo mais tempo sobre a pele do bebê é o mesmo que deixar por mais tempo uma importante camada de proteção, fazendo com que seu sistema imunológico se fortaleça." [x]


Ou seja, 1) seu bebê não está sujo e 2) o vérnix é muito melhor para o seu filho/a do que um banho logo de cara. Lembre-se também que:
"Logo após o nascimento, os recém nascidos precisam descobrir como manter sua própria temperatura corporal e o banho – mesmo que quentinho – pode causar uma queda nessa temperatura. Bebês precisam manter-se aquecidos assim que nascem e o peito da mãe é o lugar ideal (e perfeito!) para isso. Não há berço aquecido nem nada que possa competir com o colo de mãe, definitivamente;Ser separado de sua mãe assim que nasce pode ser bem desconfortável para o recém nascido, que normalmente chora e fica mais agitado. Isso faz com que seu corpo libere hormônios ligados ao stress, pode causar um aumento na freqüência cardíaca e na pressão arterial, além de reduzir temporariamente os níveis de açúcar no sangue. Quando o bebê é mantido perto de sua mãe, ele tem uma capacidade maior de regular seus sistemas e manter tudo como deveria estar." [x]

E mesmo depois das seis horas indicadas pela OMS, não é preciso dar aqueeeeele banho exagerado na criança. Riscada a absorção do vérnix, temos que nos atentar ao cuidado com o umbigo. O ideal seria optar por limpar o bebê com algodão ou toalhas macias úmidas (secando-o bem logo em seguida) até o umbigo cair naturalmente, para só então rolar aquele banho caprichado. Mas eu sei que nesse calor do Brasil isso fica mais complicado... Enfim. Só não esqueçam de manter a área bem sequinha, beleza?!

Caso a Cesárea SEJA NECESSÁRIA OU DE URGÊNCIA:
- Gostaria da presença de meu marido e Doula antes da anestesia;
- Quero filmar;
- Anestesia Peridural, sem sedação;
- Não quero meus braços presos. Caso seja necessário prender, quero que solte quando o bebê nascer para poder segurá-la.
- Após o nascimento gostaria que colocassem o bebê sobre meu peito imediatamente, sem separação.
- Amamentação imediatamente;

Por cesárea necessária/de urgência, entende-se prolapso no cordão, descolamento prematuro da placenta, placenta prévia, situação do bebe em posição transversa durante o TP, ruptura de vasa prévia, distócia de parto, sofrimento fetal, ou seja, motivos clínicos reais e não mitos obstétricos como circular de cordão ou 'falta de passagem'. Mas eu tenho fé de que esta última sequência de itens será um parágrafo desnecessário como a grande maioria dos procedimentos que comentei nestes posts, rsrs. ;)

Leia:

2 comentários:

  1. Olá Ingrid. Olha eu aqui de novo!
    Pois é menina. A cada momento estou mais perto do grande dia. O medo do que podem fazer com meu projetinho de gente ainda é grande, mas estou elaborando muito bem elaborado um plano de parto e vou fazer com que ele seja seguido. É incrível pensar a quantidade de sofrimento que seria evitado ao bebê se todas as futuras mamães e médicos obstetras soubessem de tudo isso que você vem falando nos posts.
    Enfim. Uma boa sorte pra você, pra mim e pra todas as outras futuras mamães.

    Vidas em Preto e Branco 

    ResponderExcluir
  2. Oi Ingrid. achei super bem elaborado seu plano de parto, e te desejo uma boa hora, e que você curta todo esse momento!!!!!!!!!!! *que pra nós mães, é único.*

    ResponderExcluir